sexta-feira, 17 de junho de 2011

Existência inexistente

Existência inexistente


Um simples dia,
Neve, lareira, e jantar,
Família ?
Não, apenas tutores.
(Se ao menos me dissessem "Olá"...)

Uma noite de natal,
E o que é isso ?
Comemoração ?
De que ? Não sei o que é.
(Nem ao menos quero saber.)

Onde foi parar aquele olhar ?
Quem era aquele ser distante na janela ?
Alguém para ajudar ?
Alguém para trazer esperança ?
(De toda forma, isso me faz ter vontade de sonhar.)

Lua cheia,
Inverno ou inferno ?
Acho que ambos.
Para onde foram os corações ?
Acho que devem estar congelados.
(Assim como o meu, mas pelo menos eu sei disso.)

Numa casa de madeira, olhando a neve cair lá fora,
Um vulto que aparece em cada noite,
Como se me observasse,
Talvez alguém que de longe de mim cuidasse ?
(Sim, me transmitia isso mesmo ao longe.)

Como poderia ? Um ser qualquer e distante ?
Despertar essa vontade de amar ?
Me fazer ter um sentido para a palavra amigo ?
Mesmo sem ter passado nem um segundo comigo ?
(Talvez o conhecesse à mais tempo que posso imaginar.)

E então a hora de dormir, hora de sonhar ? Talvez.
O que é um sonho ? Uma ilusão ? Que ilusão ?
Nunca tenho nada pra sonhar.
(Se ao menos tivesse algo também para desejar.)
(Se ao menos existisse alguma ilusão para me confortar.)

Uma leitura antes de dormir. Não, eu não tenho livros.
Eu faço meus próprios contos e não os anoto.
Mente, ah, minha mente, me serve tanto para me fazer sofrer,
Mas, também para trazer meus únicos momentos de lucidez,
Queria ao menos saber o significado dessa palavra...
(Vozes já me disseram várias vezes, mas nunca lembro o significado.)

O conto de hoje é sobre uma garota, uma garota numa casa de madeira,
Em que um vulto ao longe a desperta sonhos e esperanças,
E adotada por uma família indiferente, que apenas a alimenta,
Sinto pena por ela, me parece mais um animal de estimação.

E ao vulto ao longe, é um anjo, que nunca aparece, mas sempre a olha,
Os pais dela já sabem sobre a presença dele,
Mas nunca o permitem entrar, porque ele nunca esteve fora,
Sempre dentro da mente da pobre garota,
Buscando por algo para sonhar.

Minutos atrás estava tudo preto, e agora está tudo em branco.
Sem memória, sem sentimentos, sem faces, sem desejos.
A garota acorda para no fim do dia escrever uma nova história.

Seus sonhos em sua mente, vivos como pessoas,
Sua memória, vazia tanto quanto seu coração.
Mas que acorda durante a noite, quando a Lua aparece.
Existindo sem existir, vivendo sem viver.
Esperando pela próxima Lua cheia.
Para preencher sua alma por algumas horas.

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