sexta-feira, 17 de junho de 2011

De Passagem

De Passagem


Existem certos momentos que me jogam em uma profunda reflexão,
Me parece que as paredes em volta se soltam,
Como se estivesse numa espécie fora do tempo e do espaço...

Um destes é o que chamaria de revisão...

Pelo tempo que passa, pelos registros, contatos, fotos, imagens, palavras,
Tudo guardado dentro do coração, da cabeça, anotado ou mesmo digitalizado...
Sempre guarda uma emanação daquela pessoa, daquele amigo, daquele grupo,
Como se não fosse uma falta, nem uma dependência, mas, simplesmente, uma saudade.

Mesmo aqueles momentos, a só, olhando as estrelas, observando a rua, ou a grama,
Quando me lembro destes, é como se o passado de certa forma estivesse aqui,
Porém, as situações simplesmente mudam, as pessoas vão e vem, as datas vão e vem,
As situações vão e vem, os gritos, os barulhos, os estouros, os cochichos, vão e vem...
Poderia dizer que certa forma era um ciclo sem fim, subdivido em vários ciclos finitos...

E assim, se formaria extensões ou falhas em cada ciclo, sendo trocado ou não por outros,
Mas sempre levando a uma profunda reflexão
Mesmo aquela pessoa, mesmo um animal,
Mesmo uma planta, um brilho, uma voz sem nenhum referencial...
Ainda sim, deixa sua marca, não diria uma marca em si, mas, ela existiu, e sempre fica gravada,
Numa espécie de gravadora que não deixa escapar se quer um lampejo ou um olhar desatento

E novamente, chegando ao próximo ciclo, em que de novo, as coisas mudariam,
Porém, nós continuamos, e ao olhar, o ciclo anterior,
Ao ver aqueles momentos que não voltam mais, mesmo bons, ou até ruins,
É como se algo buscasse lá no fundo, estes ciclos, mostrando-nos que existiram...

Uma estranha sensação de nostalgia com a velha história de que a vida é feita de fases,
Às vezes com a imensa vontade de tentar recomeçar tudo do zero.
Uma vontade de não cometer os mesmo erros, de cometer algum outro erro,
De aprender, de viver, de consertar as coisas já passadas,
De poder dizer a alguém, “não importa o que aconteça, eu não quero que você desapareça”.
“Não importa o que aconteça, eu não quero que suma, como todos somem”.

Como se todos fossemos andarilhos, caminhando sempre por caminhos diferentes,
Que nos satisfazem ou nos deixam memórias, que talvez disfarcem momentos passados,
Que talvez escondam memórias guardadas no fundo da alma,
Que talvez inibam sentimentos guardados no fundo do coração,
E que ainda, possam despertar emoções presas ou inéditas, em um simples olhar para trás.

Como se já não bastasse os dias sendo iguais, trazendo apenas, de volta a mesma situação,
Com cara, roupa, cheiro e vozes diferentes, que talvez se comparasse até com um Déjà vu,
Ainda sobra coragem de olhar para trás, e a antiga sensação desperta de novo.

De que falta algo, mas não poderia dizer o que é,
De que falta alguém, mas não poderia dizer quem,
De que falta uma situação, mas não poderia dizer qual,
De que falta um olhar, que não poderia ver novamente,
De que falta uma imagem, mas não poderia imaginá-la...

Sob a estranha e tenebre sensação de falta e de vazio,
Ainda encontro também a terna e aconchegante memória,
De que um dia já vivi, e a velha frase, sobre as fases que passamos.
Também, dentro deste momento de reflexão,
Me lembro de um belo dia, em que ao olhar para uma estrela,
Imaginei alguém a dizer:

“Daqui olhamos o futuro e também o passado,
O presente sempre está à frente de nossos olhos,
Mas nem sempre estamos dispostos a olhar.

Daqui vemos os brilhos das estrelas,
Que tão longe, parecem ser estáticas,
Porém se movimentam,
E se distribuem de uma forma estranha.

Porque para vê-las de outra forma,
Basta olhar de outros ângulos,
Ou até, com outros olhos, outra imaginação,
E então, elas se parecem totalmente diferentes...

Assim também é o nosso tempo, a nossa vida,
É tão relativa quanto o brilho das estrelas olhando daqui,
Ela tem várias faces, vários lados de um mesmo caminho,
Que refletem a imagem de cada um, como se fossem um espelho mágico,
Em que pelo ângulo que olhamos, o espelho nos olha de volta.
E isto resumiria em:
A mesma face que olhamos, representa mesmo caminho que vemos...”

E com tantas memórias, tantas passagens, que lembro, que irei lembrar,
Ou até memórias que me recuso a lembrar, memórias de pessoas que não vão mais voltar,
Memórias de momentos que não vão mais voltar, de olhares que não vão mais me olhar.
Me parece até que assim como a vida, as pessoas, os momentos, olhares e vozes,
Eu sou um viajante, com meu rumo, talvez ainda não definido, um andarilho,
Simplesmente alguém de passagem num mundo de passagem...

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