quarta-feira, 22 de junho de 2011

Caminho

Caminho


E no brilho mágico do fim do horizonte,
Termina a estrada que um dia seguirei,
Caminho, que nem sempre satisfatório,
Que às vezes me parece surreal.

Pés no chão significa meio caminho andado,
Olhos aos céus apontando para a estrela guia,
Me orientando ao Norte e me desejando sorte,
Dou meu primeiro passo o qual chamaria de vida.

Um caminho de ida sem volta,
Um livro na mão para anotações,
Uma mente para me criar várias razões,
Um coração para me criar várias paixões.

Até mesmo o espelho não me mostra meu passado,
Nem mesmo a lembrança daquele retrato, agora quebrado,
Um dom de criar histórias que me levam ao meu paraíso,
Local que em nada faz diferença, nem preciso de meu juízo.

Em busca do extase mental longe de uma vida banal,
Um contexto sobrenatural de imaginação e ilusão,
Caminho paralelo que ainda sim alimenta minha razão,
Que me traz esperanças para existir ainda uma questão.

Caminho já traçado e marcado,
Familiar tanto quanto meus próprios pés,
Talvez o único que me compreenda,
Mesmo que tudo seja simplesmente uma lenda.

domingo, 19 de junho de 2011

"Eu sou a luz das estrelas, Eu sou a cor do luar"

"Eu sou a luz das estrelas, Eu sou a cor do luar"


E no desejo de estar acima de mim mesmo,
Se faz o meu caminho e o meu enterro,
Um olhar estranho, vindo de mim,
Atravessa toda a Terra num raio sem fim.

Onipotência, onipresença, onisciência,
Através de todos os corações,
Sinto o brilho do amor e a escuridão do rancor,
Sinto o olhar amável e a palavra zangada.

Observando tudo de longe, com meus olhos de águia,
Nada foge de meus olhos, tudo está sobre minha atenção,
Mas como preço disso, me esqueço de meu coração,
Mudança espontânea e repentina que me arranca todo o apego.

No meio do nada, ainda escuto as vozes, sorrisos e lágrimas,
Em um espelho a imagem refletida é o meu plano de fundo,
Sem um rosto e sem uma face sem mesmo olhos para que chorasse,
Ao mesmo tempo que de tudo cuido, estou fora do tudo.

Momento de ilusão de ter sido parte de minha própria criação,
Momento de desgrudar de minhas prórias correntes,
Momento de viver minha nova vertente,
Acordo de meu sonho onde sinto meu coração e meu calor ardente.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Solitude

Solitude


E em cada esquina que ando,
Talvez seja por sorte ou por azar,
Ou talvez apenas uma trama do acaso,
Eu vejo os seus olhos.

Não importa quantas vezes caminhe,
Ou quantas vezes eu volte,
Sempre seus olhos estão lá,
Do mesmo jeito, na mesma posição.

O mesmo semblante,
E a mesma expressão,
Sempre me olhando ao longe,
Mas sempre deixando ser visto.

Já sentia um certo conforto,
Ao ver este olhar sempre,
E sentir se é que posso chamar de sua presença,
De certa forma eu estava acostumado e familiarizado.

Mesmo me perguntando várias vezes,
“Quem é você?”,
Sem obter nenhuma resposta se quer,
E também sem insistir por já saber que não haveria reação...

E quando, finalmente, resolvi olhar com os mesmos olhos,
Pude ver que não era nada que não conhecia,
Não era algo inexplicável nem estranho,
Era a face do Silêncio.

O Silêncio que faz parte de mim,
Em forma de Solitude,
Em forma de minha companhia,
Que sempre chamei e jamais questionei.

É como se já conhecesse os olhos,
Como se olhasse para um espelho...

E o que via em todo lugar,
Não era nada diferente do que eu sempre vi,
Parecia alguém cuidando e me observando enquanto andava,
Simplesmente, era apenas o mundo olhando de volta pra mim,
Da mesma forma que eu sempre o olhei.

De Passagem

De Passagem


Existem certos momentos que me jogam em uma profunda reflexão,
Me parece que as paredes em volta se soltam,
Como se estivesse numa espécie fora do tempo e do espaço...

Um destes é o que chamaria de revisão...

Pelo tempo que passa, pelos registros, contatos, fotos, imagens, palavras,
Tudo guardado dentro do coração, da cabeça, anotado ou mesmo digitalizado...
Sempre guarda uma emanação daquela pessoa, daquele amigo, daquele grupo,
Como se não fosse uma falta, nem uma dependência, mas, simplesmente, uma saudade.

Mesmo aqueles momentos, a só, olhando as estrelas, observando a rua, ou a grama,
Quando me lembro destes, é como se o passado de certa forma estivesse aqui,
Porém, as situações simplesmente mudam, as pessoas vão e vem, as datas vão e vem,
As situações vão e vem, os gritos, os barulhos, os estouros, os cochichos, vão e vem...
Poderia dizer que certa forma era um ciclo sem fim, subdivido em vários ciclos finitos...

E assim, se formaria extensões ou falhas em cada ciclo, sendo trocado ou não por outros,
Mas sempre levando a uma profunda reflexão
Mesmo aquela pessoa, mesmo um animal,
Mesmo uma planta, um brilho, uma voz sem nenhum referencial...
Ainda sim, deixa sua marca, não diria uma marca em si, mas, ela existiu, e sempre fica gravada,
Numa espécie de gravadora que não deixa escapar se quer um lampejo ou um olhar desatento

E novamente, chegando ao próximo ciclo, em que de novo, as coisas mudariam,
Porém, nós continuamos, e ao olhar, o ciclo anterior,
Ao ver aqueles momentos que não voltam mais, mesmo bons, ou até ruins,
É como se algo buscasse lá no fundo, estes ciclos, mostrando-nos que existiram...

Uma estranha sensação de nostalgia com a velha história de que a vida é feita de fases,
Às vezes com a imensa vontade de tentar recomeçar tudo do zero.
Uma vontade de não cometer os mesmo erros, de cometer algum outro erro,
De aprender, de viver, de consertar as coisas já passadas,
De poder dizer a alguém, “não importa o que aconteça, eu não quero que você desapareça”.
“Não importa o que aconteça, eu não quero que suma, como todos somem”.

Como se todos fossemos andarilhos, caminhando sempre por caminhos diferentes,
Que nos satisfazem ou nos deixam memórias, que talvez disfarcem momentos passados,
Que talvez escondam memórias guardadas no fundo da alma,
Que talvez inibam sentimentos guardados no fundo do coração,
E que ainda, possam despertar emoções presas ou inéditas, em um simples olhar para trás.

Como se já não bastasse os dias sendo iguais, trazendo apenas, de volta a mesma situação,
Com cara, roupa, cheiro e vozes diferentes, que talvez se comparasse até com um Déjà vu,
Ainda sobra coragem de olhar para trás, e a antiga sensação desperta de novo.

De que falta algo, mas não poderia dizer o que é,
De que falta alguém, mas não poderia dizer quem,
De que falta uma situação, mas não poderia dizer qual,
De que falta um olhar, que não poderia ver novamente,
De que falta uma imagem, mas não poderia imaginá-la...

Sob a estranha e tenebre sensação de falta e de vazio,
Ainda encontro também a terna e aconchegante memória,
De que um dia já vivi, e a velha frase, sobre as fases que passamos.
Também, dentro deste momento de reflexão,
Me lembro de um belo dia, em que ao olhar para uma estrela,
Imaginei alguém a dizer:

“Daqui olhamos o futuro e também o passado,
O presente sempre está à frente de nossos olhos,
Mas nem sempre estamos dispostos a olhar.

Daqui vemos os brilhos das estrelas,
Que tão longe, parecem ser estáticas,
Porém se movimentam,
E se distribuem de uma forma estranha.

Porque para vê-las de outra forma,
Basta olhar de outros ângulos,
Ou até, com outros olhos, outra imaginação,
E então, elas se parecem totalmente diferentes...

Assim também é o nosso tempo, a nossa vida,
É tão relativa quanto o brilho das estrelas olhando daqui,
Ela tem várias faces, vários lados de um mesmo caminho,
Que refletem a imagem de cada um, como se fossem um espelho mágico,
Em que pelo ângulo que olhamos, o espelho nos olha de volta.
E isto resumiria em:
A mesma face que olhamos, representa mesmo caminho que vemos...”

E com tantas memórias, tantas passagens, que lembro, que irei lembrar,
Ou até memórias que me recuso a lembrar, memórias de pessoas que não vão mais voltar,
Memórias de momentos que não vão mais voltar, de olhares que não vão mais me olhar.
Me parece até que assim como a vida, as pessoas, os momentos, olhares e vozes,
Eu sou um viajante, com meu rumo, talvez ainda não definido, um andarilho,
Simplesmente alguém de passagem num mundo de passagem...

Lucidez Sombria

Lucidez Sombria


Os dias já passam de forma mais lenta,
Já não consigo mais correr e nem esperar,
Parece que tudo apenas acontece,
Sem um motivo, e também sem hora...

A tentativa falha de procurar uma saída me cansa,
Em vinte e quatro horas tentando pensar nada me vem,
Na manhã que já tenho que sair tento parar e observar o mundo à volta,
Talvez um estado de contemplação anime minha alma,
Porém, quando paro para procurar algo que ao menos posso dizer o que é,
Um vento forte já sopra o rosto me mostrando o que não queria ver,
Mesmo com uma natureza tão verde e o brilho iluminado do sol,
Não consigo ver nenhuma outra cor além do cinza...

De certa forma, consigo ver um pouco além do que meus olhos normalmente enxergam,
Por mais que relute, é como se já soubesse cada passo e cada fato,
Como se cada olhar estivesse estampado o grupo social que a pessoa se mostra pertencer,
Mas mesmo de forma vazia, o pertencendo, mas ao mesmo tempo sem se identificar,
Não é uma espécie de julgamento, é algo automático,
Poderia dizer até onde elas irão e quando voltarão,
Poderia dizer até a nota que eu iria tirar em um teste, ou se algo bom irá acontecer,
E essa cor cinza, na rua, de certa forma invisível, porém, residente em todo local me espanta,
Como se o céu não fosse mais azul...

As pessoas que por essa rua andam, estão de uma forma que não sei explicar,
Parecem viver de forma automática e fria,
Simplesmente... Não tenho palavras para dizer isto de forma clara,
É como se não houvesse sentido, como se não houvesse um porquê...

Talvez vivendo apenas sem nem se perguntar onde isso vai dar,
Ou se perguntar, “Por que faço isto?”
Como se fosse uma prisão e todos estivessem presos...

E refletindo em meu canto enquanto observo os passos frios,
Vejo um espelho, que ao me ver, não há tanta surpresa,
Mas ao mesmo tempo uma certa conformação,
Minha face não reflete o que esperava ver,
É como se ainda olhasse todas aquelas pessoas vivendo de forma fria,
De certa forma, é como se meu corpo e eu, fossem diferentes do que eu imaginasse,
É como se nunca tivesse me visto, e olhasse em meus olhos pela primeira vez...

Me via como alguém que está preso na mesma prisão que todos estão,
Mas de uma forma diferente, alguém que nem mesmo consegue ser igual aos outros,
Mesmo não sabendo responder se essa diferença é boa ou ruim, talvez seja algo neutro.

A sensação de medo até já nasce um pouco,
E volto então a observar as pessoas andando ao longe,
Ainda continuavam em sua caminhada em círculos,
Dentro de um ciclo sem fim, como se estivessem condenadas,
E isso apenas aumenta o medo.

A noção de espaço já diminui tanto,
Que não consigo dizer que há algo dentro daquela casa verde ao longe,
Não consigo dizer que o Universo é maior do que a rua que vou e volto todos os dias,
Nem ao menos dizer que há algum lugar pra ir ou pra ficar.

É uma sensação estranha, impossível de descrever,
Mas, junto com o momento de espanto,
Há o novo e estranho conforto,
Um conforto no frio sem abrigo...
Talvez até um momento de percepção,
Um momento de contemplação pra ser mais exato,

Quando ainda, para encerrar olho para o chão,
E não sei dizer se ainda é possível ficar de pé ou se apoiar,
Que me faz logo julgar... É aqui mesmo que deveria estar?
Tantas pessoas nesse vai e vem, talvez fugindo ou talvez, nem saibam onde estejam...

Talvez esse momento possa simplesmente ser chamado de lucidez,
Onde todos vivem num momento de embriaguez e de dispersões...

Sim, é isso, um momento de lucidez...
Um momento que inconscientemente muitos fogem...

Por isso resolvi chamá-lo de Lucidez Sombria.

Existência inexistente

Existência inexistente


Um simples dia,
Neve, lareira, e jantar,
Família ?
Não, apenas tutores.
(Se ao menos me dissessem "Olá"...)

Uma noite de natal,
E o que é isso ?
Comemoração ?
De que ? Não sei o que é.
(Nem ao menos quero saber.)

Onde foi parar aquele olhar ?
Quem era aquele ser distante na janela ?
Alguém para ajudar ?
Alguém para trazer esperança ?
(De toda forma, isso me faz ter vontade de sonhar.)

Lua cheia,
Inverno ou inferno ?
Acho que ambos.
Para onde foram os corações ?
Acho que devem estar congelados.
(Assim como o meu, mas pelo menos eu sei disso.)

Numa casa de madeira, olhando a neve cair lá fora,
Um vulto que aparece em cada noite,
Como se me observasse,
Talvez alguém que de longe de mim cuidasse ?
(Sim, me transmitia isso mesmo ao longe.)

Como poderia ? Um ser qualquer e distante ?
Despertar essa vontade de amar ?
Me fazer ter um sentido para a palavra amigo ?
Mesmo sem ter passado nem um segundo comigo ?
(Talvez o conhecesse à mais tempo que posso imaginar.)

E então a hora de dormir, hora de sonhar ? Talvez.
O que é um sonho ? Uma ilusão ? Que ilusão ?
Nunca tenho nada pra sonhar.
(Se ao menos tivesse algo também para desejar.)
(Se ao menos existisse alguma ilusão para me confortar.)

Uma leitura antes de dormir. Não, eu não tenho livros.
Eu faço meus próprios contos e não os anoto.
Mente, ah, minha mente, me serve tanto para me fazer sofrer,
Mas, também para trazer meus únicos momentos de lucidez,
Queria ao menos saber o significado dessa palavra...
(Vozes já me disseram várias vezes, mas nunca lembro o significado.)

O conto de hoje é sobre uma garota, uma garota numa casa de madeira,
Em que um vulto ao longe a desperta sonhos e esperanças,
E adotada por uma família indiferente, que apenas a alimenta,
Sinto pena por ela, me parece mais um animal de estimação.

E ao vulto ao longe, é um anjo, que nunca aparece, mas sempre a olha,
Os pais dela já sabem sobre a presença dele,
Mas nunca o permitem entrar, porque ele nunca esteve fora,
Sempre dentro da mente da pobre garota,
Buscando por algo para sonhar.

Minutos atrás estava tudo preto, e agora está tudo em branco.
Sem memória, sem sentimentos, sem faces, sem desejos.
A garota acorda para no fim do dia escrever uma nova história.

Seus sonhos em sua mente, vivos como pessoas,
Sua memória, vazia tanto quanto seu coração.
Mas que acorda durante a noite, quando a Lua aparece.
Existindo sem existir, vivendo sem viver.
Esperando pela próxima Lua cheia.
Para preencher sua alma por algumas horas.

A Garota de Preto

A Garota de Preto


A garota de preto andava pela rua 13,
Sem rumo e sem caminhos,
Ela apenas anda,
Atravessa aquela bela pontezinha.

Do outro lado mais um pouco de nada,
Mais choro sem lágrimas,
Mais gritos sem voz,
Mas sussurros sem corpos.

Apenas uma cidade vazia, fantasma,
Sem história pra contar,
Com um habitante somente,
Uma garota de preto e carente.

Em suicídio ela pensa,
De volta à pontezinha,
Abaixo, um lago sem água,
Seco, assim como suas lágrimas.

Entre dias e noites,
Ela sorri quando vê as estrelas,
Talvez seja o único momento que isso aconteça,
Com um desejo tão puro "tomara que isso permaneça".

Desejos, sonhos...
Já era hora de dormir,
Sua noite são de sonhos sombrios,
E já ao dia com o Sol lhe acordando tudo se apaga novamente.

Lua, tão bela, por que há de sempre me abandonar ?
Por que há de sempre de me fazer chorar ao acordar ?
Ela sempre dizia todas as manhãs.

Ela dizia todas as manhãs...

"Será em algum dia distante,
Os sonhos da noite deixariam de me mostrar um paraíso sombrio ?
Será que em algum sonho ainda veria um paraíso que não seja cinza ?
Será que um dia verei o paraíso e estarei sã ?"