Catarse
Traço pela minha mão direita
Falsas linhas perfeitas,
Pela minha mão esquerda
Desenho belos traços tortos
Unicidade reluzente que brilha
Tão clara e forte
Quanto o esforço para copiar
Um aporte perfeitamente correto
Um pedaço de ego,
Uma fatia de orgulho.
Pratos principais do jantar
Carne que grita pelo sono
Olhos que cravam a noite eterna
Mãos que buscam duas linhas cruzar
E pupilas que não reagem à luz
Atemporal refeição
Contemplada por velas acesas
Que queimam o fundo incolor
Em linhas tortas de amanhã.
O chão continua perfeito
Sob paredes abstratas
Mas os lados se perdem
No esférico salão.
Memórias de ontem e de hoje
Se cruzam em vitrais
Traçados nos mais diversos tons,
Tons de desejo e devoção.